Não dêem estímulos à economia, dêem-nos esperança

Não consigo concordar com esta fórmula de injetar capital e fazer com que as taxas de juro fiquem negativas dê bom resultado. Antes pelo contrário, penso que esta é uma forma que só vai atirar gasolina para a fogueira.

Acho estranho que estejamos a copiar os modelos económicos utilizados no Zimbabwe ou na Venezuela, de impressão de dinheiro, quando a produção económica está num impasse. Porque é que mais dinheiro ajudaria, nesta situação?

Não seria mais sensato parar as despesas, congelando rendas, hipotecas, impostos, segurança social e pagamentos de empréstimos?

Com a maioria das pessoas em casa, quem no seu perfeito juízo quer arriscar uma situação de empréstimo, para iniciar um negócio, pagar a fornecedores, ou mais importante ainda, pagar salários e depois dar-se conta de estar num buraco financeiro, com uma dívida inútil, sem ter perspetivas ou qualquer tipo de garantias de retoma com criação de receita, quanto mais ter lucro?

Na minha opinião, estamos a atravessar um momento tão ou mais severo, que terá consequências semelhantes ou piores do que uma Guerra Mundial. Durante os tempos de guerra, podemos trabalhar, podemos produzir para satisfazer as exigências das nossas tropas, ser inovadores para criar vantagens, e unirmo-nos para enfrentar quem nos ameaça.

Com o Coronavírus, dizem-nos, e com razão, para ficarmos em casa e não fazermos nada para combater este adversário que não se vê, que nos põe uns contra os outros, numa espécie de atribuição de culpas que nos divide ainda mais, fazendo com que este, que até é invisível, fique mais forte e por consequência mais difícil de derrotar.Temos de enfrentar este inimigo económico de uma forma totalmente nova. É necessário sufocar a procura de dinheiro, impedindo a obrigação dos pagamentos que não são essenciais neste momento de guerra.

O nosso estímulo deve ser direcionado para o fornecimento de alimentos e necessidades básicas. Temos de esquecer os mercados bolsistas, uma vez que esta doença é como um inimigo convencional, que ataca os pontos fracos e conhece a vulnerabilidade do nosso sistema económico. E consegue atacá-lo.

Porque é que as bolsas devem subir se todo o sector empresarial se encontra paralisado, os mercados são limitados (falta de mercado livre) e os consumidores não têm necessidade ou não conseguem comprar produtos ou serviços?

Não há qualquer efeito de gota-a-gota neste mercado, uma vez que não existe criação de riqueza. Somos animais de hábitos e tememos o desconhecido, o que é sem dúvida assustador, mas com uma liderança corajosa e forte, que lide com o problema de uma forma totalmente nova poderemos superar e ficar mais fortes no futuro.

Acredito que esta crise vai mudar tudo. A forma como vemos, mantemos e criamos a nossa riqueza. Também acredito que a situação vai piorar, antes de melhorar, especialmente se se continuarmos a alimentar este incendio.

Neste momento devemos focarmo-nos em vencer este vírus fisicamente, estagnar a hemorragia financeira e contruirmos juntos e unidos a esperança para o futuro. Sem mais culpas, sem soluções ultrapassadas para problenas novos, refletindo de uma forma clara e transparente sobre o que é importante para o nosso novo sistema económico. Isto é urgente.Pode até não concordar com o meu ponto de vista, o que é até positivo e revela que pensa por si mesmo.

Ou também pode significar que está uma ou duas semanas atrasado, na curva do Coronavírus.

Esta é a nossa oportunidade de decidir sobre o nosso futuro e como fazer para não voltarmos a passar por uma situação semelhante que resulta da ganância, do narcisismo, da falta de respeito para com o nosso planeta e sobretudo pelo nosso semelhante.
Para sairmos deste buraco, a primeira coisa a fazer é parar de o cavar.

A segunda é sairmos, juntos, de dentro dele.

Este é um artigo publicado previamente no canal Link to Leaders.

https://linktoleaders.com/nao-deem-estimulos-a-economia-deem-nos-esperanca/

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